De dia, antes do almoço, em jejum, à noite após a janta, de madrugada, antes do banho, após o lanche da tarde; na cabine de telefone, no açougue, na cafeteria, no provador de roupas, na casinha do cachorro, dentro do lixeiro; todo lugar era propício para a secreção da tal adrenalina. As suas próprias medulas já não suportavam produzir mais o tal hormônio, mas o casal era incessante em suas atividades endócrinas.
Não se sabe se a paixão (se é que ela existia) era motivada por fatores românticos ou por mera conveniência. Em alguns momentos evidenciava-se trocas de olhares, carícias por baixo de mesas, sussurros entre corredores, como aquelas cenas de filmes de adolescentes. O casal acreditava viver uma relação enigmática e imperceptível; quando na verdade todos já percebiam e sentiam, até mesmos os caolhos e ingênuos, pois presenciavam a secreção da tal adrenalina, para não falar de outros elementos. Em outros momentos, afastavam-se de tal modo, que a secreção da tal adrenalina só aumentava, devido à ausência sofrida ou ao apetite desmedido. E permaneciam assim, até alguns poucos segundos, quando finalmente voltavam (independente de onde estivessem), a fazer o velho jogo da supra renal.
E assim viviam, como um grande casal apaixonado...sem beijos, declarações ou amor, mas com muita secreção de adrenalina.
até parece mentira o fato de que é entre tanto mau cheiro, sebo, secreção, sujeira onde encontramos a paixão, ou melhor, o amor.
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É verdade Raysa, no amor, tudo é atrativo!
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