domingo, 29 de abril de 2012

Amor é pra quem ama

Como cantou Lenine, amor é pra quem ama. Não são todos que sabem amar. Não são todos que sabem deixar ser amados. Talvez seja esse o grande problema. Talvez seja esse o motivo de tantos amores não correspondidos, tantos amores mal amados e mal vividos.
Não são todas pessoas que estão habilitadas ao amor. Algumas não sabem amar. Outras não sabem ser amadas. Eu, sinceramente, não sei vos dizer qual desses é pior. Quem não sabe amar, é triste. Nunca desfrutará dos prazeres de uma paixão avassaladora ou de um amor quietinho, tranquilo, sereno, que traz brisa suave ao coração, a mente e a alma. Mas quem não sabe ser amado também é triste. É triste porque não consegue se deixar acariciar pelo doce toque de quem ama. É triste porque nunca conseguirá fazer o outro plenamente feliz ao lado seu. É triste porque sabe que  a qualquer momento pode vir outro alguém, que sabe amar e ser amado, e levar aquele por quem ele não se deixou ser amado. É triste porque a vida sem amor não tem cor. Perde a graça e o encanto. É triste porque são olhos dos apaixonados que enxergam além. São os corações dos apaixonados que fazem coisas grandiosas. São os apaixonados que sabem dar amor sem reservas, mas que também sabem receber amor sem medida.
 É, o amor não é para todos, é só para quem sabe amar e ser amado. É só para quem ama.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Mas o que é o amor?

Eu não sei como falar, só sei que falo. Há sentimentos que não se podem descrever, como sempre afirmam os eternos apaixonados. Mas é verdade, o amor não permite ser descrito em toda a sua totalidade. Isso porque nem tudo é vivido na sua essência: há amor de aparência; há amor de interesse, onde os beijos e carinhos são os últimos elementos a serem trocados; há amor de adolescente, em que tudo é motivo para faces enrubescidas. Há amores infantis, que em toda a sua inocência, servem de inspiração. Há amores da terceira idade, onde para alguns filósofos, realmente se experimenta a veracidade de um verdadeiro amor.
Há amores passageiros, que mereciam outro nome que não esse; há amores que viram paixão, depois viram amores, voltam a ser paixão e depois não se sabe mais aonde está. Há amores duradouros, inexoráveis, platônicos, Shakespeare que o diga.
Há amores tímidos, retraídos, escondidos e confidenciados; haja endolinfa para propagar tanto cochicho nos canais semicirculares. Há amores depravados, aturdidos, ignorados, confudidos, embaraçados. Diz-se que ama e já não sabe se ama, são os amores indecisos, ou seriam os ignorantes?
Há amores sofridos, não correspondidos, chantageados, iludidos. Há amores acabados, retomados, destruídos (embora digam que ele nunca acabe). Há amores feridos, há os que saram; há os que doem, há os que curam; há os limpam, há os que sujam.
Não acredito que sejam vários os tipos de amores... O que variam, são os seus amantes!

O que produziam os beijos dele

Os seus beijos faziam-na esquecer do mundo, esquecer dos problemas e da vida.
Vamos capturar esse momento, registrar essa poesia gratuita da vida e eternizá-la, nem que seja somente em nossa mente insana.
Os seus beijos coloriam o dia dela e transformavam tudo em poesia.
Vamos fazer desse nosso mundo, o mundo real. Vamos viver esse instante com a intensidade que se vive a realização de um sonho ou os últimos dias de nossas vidas, quando esses já nos são anunciados.
Os seus beijos transformavam a melancolia da chuva na delicadeza de uma chuva colorida de flores.
Vamos transformar essa poesia em vida e distribuí-la pelas esquinas, aos que já perderam os encantos dela, aos que ainda não se perderam nos encantos dela, aos que ainda nem se quer entraram nela.
Os seus beijos eram pequenos instantes da eternidade.
Vamos pegar o sonho e transformá-lo em música. Fazer um jazz com a vida e dançá-lo juntos. E bailar pela vida cada nota com a perfeição exata de um caos ordenado.

A verdade sobre o amor

E no amor é assim, a gente se encanta, se apaixona e tudo é graça e poesia... depois a gente se esquece, se perde e caso não se encontre na pessoa amada logo, a gente procura outras pessoas em quem se reconhecer, por quem se encantar e se apaixonar e que vai fazer nosso mundo ter colorido, graça e poesia de novo. Sei que não é muito romântico isso, mas é a verdade do amor. É a verdade da vida.
Porque não amamos gratuitamente, não amamos abnegadamente a outra pessoa, como queríamos. Amamos porque precisamos de algo em troca, precisamos do carinho e da atenção que devotamos ao outro. Amamos porque nos ensinaram que tudo que vai voltar, que aquilo que plantamos, colheremos. Amamos dessa forma porque somos egoístas demais para pensar só no bem e na felicidade do outro, ao fim e ao cabo pensamos mais em nós e no nosso bem estar do que na outra pessoa. Mas acima de tudo, amamos assim porque não nos foi ensinada outra forma de amar.
E quando não recebemos aquilo que damos ao objeto do nosso amor, procuramos (talvez inconscientemente, não sei!) logo outros olhares e outros corações que estejam dispostos a nos devolver tudo que lhes damos. E assim caminha a humanidade dos apaixonados, vamos nos encantando e nos apaixonando tantas vezes em nossa vida, alguns pela mesma pessoa, outros por novas pessoas. Mas tudo que nós queremos, verdadeiramente, é um sorriso aberto quando chegarmos em casa, são braços dispostos a nos abraçar ao final de cada dia e um coração aberto a nos acolher a qualquer momento.

Eita ciclo vicioso...


Um olhar
Uma certeza
Um segredo
Uma firmeza
Uma imagem
Um descontrole
Um suspiro
Uma sensação.
Uma coragem
Uma surpresa
Um desatino
Uma leveza
Um amor
Uma ação.
Um sonho
Uma realidade
Uma história
Uma verdade.
Um cheiro
Uma fragrância
Um carinho
Um agrado
Um beijo
Uma carícia
Um desejo
Um cuidado.
Um descuido
Uma palavra
Um presente
Uma briga
Um conflito
Um muxoxo
Uma chatice
Uma birra.
Uma melancolia
Uma humildade
Uma resistência
Um charme
Uma inclinação
Um beijo
Um abraço
Um sorriso
Um perdão.
Uma moça
Um rapaz
Um brinde
Uma paz
Uma jura
Uma paixão
Uma paixão
Uma paixão
Uma paixão
Uma paixão
Uma paixão
Uma paixão
Uma paixão......


terça-feira, 17 de abril de 2012

Parabéns à nossa autora!

Hoje é 17 de Abril...e o blog CCA vem deixar sua postagem de felicitação.
Sim, pois nossa autora Rafa Lima, mais conhecida como Lelêu, Zelba, Nenê, Zeninha, Barbaridade, Liu, Zéa, Solange, Bernadete e/ou Zuleide(é um codinome para cada situação), está aniversariando hoje.

Sorte de fazer os cumpleaños na Primavera, que em nosso caso já virou uma frustração. Sim, pois hoje Coimbra amanheceu com aquele céu acinzentado, ar gelado e brisa fria.

Mas o calor do nosso carinho é incessante, faça chuva ou faça sol. Amiga Lelêu, nossos leitores juntamente com toda a equipe (sabe ela quão grande esta é) do blog CCA, deseja-lhe toda sorte de bençãos, presentes e dádivas da parte do Pai.

Que essa data seja ainda muito comemorada, ou melhor, postada em vários blogs....

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Amor em dezessete atos

Para Nando Reis, guardou-se para ela o amor que nunca pôde dar. Para Chico Buarque, toda gente mudou sua rotina, pra ver a banda passar cantando coisas de amor. Para Alcione, é tudo uma estranha loucura. Já para o inusitado Raul Seixas, o tão nobre sentimento é "Deus espalhando câncer"...dizendo ser isso uma força mágika (não sei porque o "k"). Já Roberto Carlos enrola, enrola, enrola e não termina dizendo como é grande o amor dele por você (sim, você leitor).

Alceu Valença chama a amada de "morena tropicana" e a saboreia como o caldo de cana (não sei se ela tem esse gosto mesmo). Djavan canta que tudo o que Deus fez foi pensando na amada (do cantor), até a Via Láctea e os dinossauros, talvez fosse por isso que esses últimos eram tão bonitos. Gal Costa via uma chuva de prata cair, selando o seu amor por algum alguém. Joelma da Banda Calypso diz que dois apaixonados viajam ao céu, a fim de se amar nas estrelas, causando um rebuliço cósmico; e deixando todo mundo a cantar "Selma nas estrelas". Os Mamonas Assassinas cantavam para suas amadas, que a tão famosa Brasília amarela estava disponível para um encontro, estando todos pelados em Santos.

Rita Lee, com seus inconfundíveis rubros capilares, cita-nos uma gama de definições práticas para o amor, que é muito diferente do sexo, de acordo com ela; afinal amor é prosa e não poesia. Caeteno Veloso fala de alegria, alegria; diz que ela é linda; reclama que não foi ensinado a esquecê-la; mas confessa: que é louco pela América. Gilberto, o Gil, diz que a deixa esperando na janela, e ainda pede pra coitada: No, woman no cry!

Chiclete com banana exalta a nega; Edson Gomes diz que tudo começou num beijo que a morena lhe deu, Suzana Vieira tenta dizer que é Per Amore (achando que é a Zizi Possi), mas erra a letra, desafina e ainda coloca a culpa no sonoplasta; já para o Parangolé (como é que isso veio parar aqui gente?) tudo se faz pela dança do acasalamento, ops, do Rebolation.

É melhor parar por aqui...pois cada um tem sua concepção do que é o amor...mas o nível não pode baixar!

domingo, 15 de abril de 2012

Quer ou não quer? Eis a indecisão!

- Oi!
- Oi.
- Tudo bem?
- Tá.
- Você é daqui.
- Não.
- Eu já te vi.
- E daí?
- Você já me viu?
- Já!
- Lembra de mim?
- Por que?
- Por que o quê?
- Ia me lembrar de você?
- Sou inesquecível.
- Eu sei!
- Sabe? E o que veio fazer aqui?
- Não sei.
- Tá visitando?
- Sim.
- Gosta?

- Não!
- E por que veio?
- Por que sim.
- Por que sim não é resposta.
- Você é um piolho!
- Como assim?
- Chato e impertinente.
- Você acha?
- Não perdi nada!
- Não perdeu o quê?
- Não perdi nada, para achar.
- Tá com algum problema?
- Você!
- Quer que eu me retire?
- Sim......Ei, pára, volta, vem, me abraça, me ama.
- Mudou de ideia?
- Sim, sou mulher!

O que não se pode explicar aos mortais

Eles eram alma gêmeas que se encontraram tarde. Bem, tarde não seria a palavra apropriada aqui. Não seria correto dizer que alguém que está feliz com outro, quando encontra sua alma gêmea seja esse encontro tarde. Não vão trocar carinhos e delicadezas de um casal normal, mas vão se completar em tudo e viver em harmonia de espírito. E antes que me condenem as más línguas, não é traição aos seus atuais pares, porque o que os une transcende a carne e a materialidade dos sentimentos humanos. A ligação deles é de alma e pensamento. Não enxergam no outro o que enxergam em seus amores. Enxergam-se como seres sublimes, seres que se completam em ideias e que se amam de forma intensa, totalmente pura e despropositada. Amam seus amantes, mas sabem que suas almas gêmeas são outras. Amam-se ardentemente em espírito, mas não sentem atração física um pelo outro. Esse amor físico é banal demais para caracterizar esse amor de almas, o que existe entre eles ultrapassa a mera existência dos mortais. Não se concebe. Não se imagina existir, mas existe.
E eles sabem que encontraram suas almas gêmeas quando sem querer contam uma coisa com o olhar e o outro imediatamente capta. Quando seus olhares se cruzam e eles sabem que estão sendo lidos um pelo outro, como um livro interessante do qual não queremos nos desligar. Mas eles sabem também que esse amor só é possível dessa forma. Que é só na alma que ele consegue se concretizar. Vivê-lo seria arriscar que as almas se desencontrassem e se encontrassem em outras almas. Sabem que não foi tarde esse encontro, porque é bom saber que alguém que não está com você fisicamente está com você em alma, em pensamento, em ideia. Sabem que tem um esconderijo para onde podem correr quando tudo parecer desabar, e esse esconderijo é o olhar do outro. Sabem que podem contar com a cumplicidade de uma outra alma que os entende tão bem e que os aceita com todas as deformações que a vida produz.
É, tem coisas que as palavras não conseguem explicar aos mortais. Tem coisas que ultrapassam o entender.

"À primeira vista"

No meio de um temporal, foi assim que eles se conheceram. Os olhos se encontraram sem querer e nunca mais se separaram. Foi o que nossos avós chamam de "à primeira vista". Um olhar encontrado é muitos mais do que isso e, naquele caso em especial, foi um encontro de almas. Ah, e quando duas almas se encontram, é difícil não se completarem. As mãos se encontraram logo depois, como que num movimento involuntário de almas que se encantam. Os braços se prenderam num gesto impensado. Não queriam que aquela alma por quem tanto esperaram se fosse. E em seguida os lábios se encontraram e era como se incendiassem-se no meio da chuva, era como um vulcão de emoções e sensações entrando em erupção no meio de um temporal. E aqueles olhos nunca mais pertenceram a outros olhos. E aquelas almas nunca mais encontraram outras almas, porque só um olhar e uma alma são capazes de se completar daquele jeito... e eles já tinha encontrado a sua metade inteira que faltava, no meio de um temporal.

O drama da chapa de dente

O grupo todo estava pronto para sair...o passeio era uma distração máxima para todos. Elzinha com seu namorado Tito; Eloísa com o "ficante" Marinho; Brenda e Sillas, os recém casados e os colegas Lêda e Mauro, que há muito tempo viviam um relacionamento enigmático.

O destino? Até hoje não se sabe. Na porta de casa de Marinho, o organizador do evento, todos esperavam a orientação. As meninas todas bem vestidas, como se fossem casar naquele dia, os rapazes, comoveriam o coração do mais gélido ricaço, fazedo-o quem sabe doar suas próprias roupas para os "coitadinhos". Em meio a beijos, carícias, bardernas e sussurros, Brenda fala:

- Bem pessoal, para onde vamos? Por mim, pode ser para o shopping, amo aquele lugar.
- De jeito nenhum coração, ir com mulher ao shopping é tentativa de suicídio- disse Marinho, seu amigo de infância- Ainda mais quatro meninas de uma vez, vixe, Deus que nos livre.
- Eu gosto do zoológico, vamos pra lá?- opinou Eloísa.
- Zoológico?- perguntou estupefato o Tito- Eu hein, de bicho já basta minha gatinha- disse beijando a Elzinha.
- Então podemos ir à praia- sugeriu o Marinho, que nem precisaria de roupa de banho, pois estava praticamente nu, sem camisa.
- Praia não, que eu não comprei um biqini novo- interveio Lêda.
- Oxente, e precisa de um biquini novo pra tomar banho de praia, é? Ainda mais a praia do Lola, toda suja, cheia de bosta de esgoto.
- Eca, que nojeira, Sillas- exclamou sua esposa Brenda- Realmente é suja, mas não precisa de detalhes.
- Eu gosto, hein, sem problemas- disse Mauro- tem umas "onda" massa.
- É por isso que tu tá cheio de pano branco, garoto. Toma jeito e deixa de ser porco- intrometeu-se Elzinha, que já tinha sido sua namorada.
- E tu tá vendo pano branco aonde, carniça? Pergunta a Lêda se eu tenho pano branco, e vê o que ela vai te responder.
- Hum, e agora a Lêda faz a vistoria em você é?- perguntou Elzinha.
- Por que, tu tá achando ruim?- indagou Lêda afrontando a ex namorada de seu atual "lance".
- Ei pessoal, calma, não vamos discutir por...- disse Sillas sendo cortado por Brenda, a mais velha.
- É, parece que Elzinha tá incomodada com as vistorias de Lêda. Eu acho que tem alguma coisa aí dentro desse coração ainda.
- Que história é essa Brenda? Tu tá querendo dizer o que com isso- perguntava gritando Tito, enquanto encarava Elzinha.
- Ei rapaz, fala baixo com a minha mulher- alertou Sillas.
- Falar baixo o quê? Ela vem insinuar para minha mina que a Lêda tá com rolos pra cima do Mauro, e que por isso Elzinha tá com ciúme.
- E tá mesmo- gritou Lêda- Tá sim senhor. Desde que Mauro acabou o namoro, ela ficou assim, com uma mágoa pra cima dele. Tu ainda gosta dele garota, tá com o Tito só pra enganar.
- Para de falar besteira, pirralha, tu é uma aborrecente, nem sabe da história toda- explodiu Elzinha.
- Sei, sei sim- continuou Lêda- Mauro acabou o namoro porque você usava chapa, e ele não suportava mais te beijar e ver ela caindo.. Parecia uma velha. Né verdade Mauro?- perguntou ela virando-se para o rapaz.
- É, ca, calma, pe, perái- falava ele nervoso.
- Você disse que nunca ia contar isso pra ninguém. Seu desgraçado- disse Elzinha partindo-se pra cima do ex, que agora não sabia o que fazer.

Tudo aconteceu muito rápido. Aqueles quatro casais entraram num movimento tão grotesco, embraçando-se uns com os outros. Debaixo de uma frondosa mangueira da casa de Marinho, formou-se um bolo humano, que trocava tapas e beijos. Isso mesmo, tapas e beijos. Pois depois daquele ring, não houve mais passeio e distração, mas novos lances se formaram.

Elzinha (não se sabe como, talvez com uma prótese definitiva) voltou a namorar com Mauro. Lêda com raiva, assumiu sua paixão por Tito, que decepcionado com o amor, deixou-a falando sozinha. Brenda e Sillas saíram a sorrir, dizendo-se serem maduros o bastante para não se deixar levar por questões infantis. E Marinho e Eloísa entraram em casa, levando consigo Lêda, que não tinha mais forças nem pra ficar em pé. Teve sua blusa rasgada e o rosto estampado com um arranhão, da pópria mangueira. Não sabia o casal anfitrião que com Lêda, um novo drama seria lançado, não mais do pano branco ou prótese dentária, mas um muito mais inusitado.

Microconto de amor e ódio

Hoje: flores, beijinhos, "eu te amo" e carinhos. Amanhã: "eu te odeio", pratos e vasos voando pela casa.
É, no fundo todo casal que se preze é um pouco bipolar, vive na fronteira entre o amor e o ódio, que, como diz o poeta, é finíssima, tão fina que não se consegue saber onde começa um e termina o outro. E lá no fundo mesmo, acho que é isso que faz da relação algo tão gostoso. Um bem-querer mal querendo. Um não depender do outro dependendo. Um querer estar perto, mas também querer estar longe de vez em quando.

Minhas ou dela? Dela ou minha?


Não sei se é ao acaso, ou algo premeditado. Só sei que acontece. Por um lado tudo é de repente, por outro, a cada passo se dá. Olhares, palavras curtas, gestos pequenos, pensamentos; tudo se encaixa e forma um movimento inigualável, cheio de harmonia e sintonia.

A comunhão de bens já começa aqui, muito antes de papéis ou documentos assinados. Abrem-se as reservas, que dantes não se dividiam com pais, amigos, irmãos, mendigos ou ladrões; e dá-se por inteiro, um entrega total, entre o Salomão e a sua sunamita.

Pensa-se aqui, faz-se ali, ele por ela e ela por ele. Até mesmo os que estão ao redor se surpreendiam com a exatidão desse processo. Isso é a paixão, com suas surpresas. Diz-se que os opostos se atraem, claro que sim; mas os gostos se encaixam, se misturam, se completam. Como uma enzima e seu substrato, que tão bem unidos, catalisam uma reação. E o produto dessa reação (não estou falando dos filhos) é inexplicavelmente saboroso, vistoso, apetitoso. O fruto do amor é algo que se come sem se saciar, sem se cansar. O seu sabor vai se espalhando pelo paladar até chegar em todas as partes do corpo, que já não responde por sim mesmo. Quando menos se espera, o olho corre em direção à amada, o pensamento se prende aos atributos dela, os pés lhe levam ao encontro da Julieta, que lhe espera em sua torre de vigia. Já não dorme, já não come, já não vive. Ou até vive, mas de uma forma totalmente nova, pois agora o seu viver é o dele, e o dele o seu. E as mãos não ficam de fora, trabalham incansavelmente, até pedir basta, e não obedecer, continuando a servir seus donos apaixonados. Cartas, bilhetes, gravuras, presentes, elementos alimentícios, artigos estranhos (que só os enlaçados entendem), tudo feito por essas mãos, que já não trabalham para o próprio dono, mas para outrem. E futuramente receberão sua identidade, credencial, ou algema (para os que tem o matrimônio como uma prisão, e não sei porque entram nela), como prova de que realmente já pertencem a esse "outrem".

Uma quadrilha moderna

João amava Mariana, mas namorava Fernanda. Mariana namorava o Filipe, que gostava da Mariana que estava pensando no João. É queridos, amar tem dessas coisas.
O João suava, tremia, sentia calafrios e ficava todo bobo quando se aproximava da Mariana, mas continuava namorando a Fernanda por quem não sentia nada além de pena pela situação em que a metera. A Mariana por sua vez, continuava amando e namorando o Filipe, pensando e se apaixonando pelo João. O direito da dúvida também nos é concedido no amor.
E assim a história seguia, ninguém tinha coragem de dizer o que sentia. E todo mundo sofria. Até que um dia o João disse toda verdade a Mariana, que não quis largar o Filipe, pois tinha certeza de que era ele o amor de sua vida. O João decidiu-se pela Fernanda, tentando e tentando se encantar por ela novamente, num esforço inútil de salvar uma relação que afundou antes mesmo dele perceber que era a Mariana que ele amava.

sábado, 14 de abril de 2012

Secretando a tal adrenalina

Ele olha para ela, ela olha para ele. Os hormônios estão sendo secretados e o corpo ferve, com a adrenalina da paixão. Não formam um dos casais mais atrantes ou atrativos, mas o que importa é atração exercida entre eles. Mal cheiro em partes do corpo, dentes sujos, roupas usadas pela vigésima vez consecutiva, quartos semelhantes a aterros sanitários, mal modos à mesa, nada disso importava. O que interessava-os era a adrenalina.


De dia, antes do almoço, em jejum, à noite após a janta, de madrugada, antes do banho, após o lanche da tarde; na cabine de telefone, no açougue, na cafeteria, no provador de roupas, na casinha do cachorro, dentro do lixeiro; todo lugar era propício para a secreção da tal adrenalina. As suas próprias medulas já não suportavam produzir mais o tal hormônio, mas o casal era incessante em suas atividades endócrinas.

Não se sabe se a paixão (se é que ela existia) era motivada por fatores românticos ou por mera conveniência. Em alguns momentos evidenciava-se trocas de olhares, carícias por baixo de mesas, sussurros entre corredores, como aquelas cenas de filmes de adolescentes. O casal acreditava viver uma relação enigmática e imperceptível; quando na verdade todos já percebiam e sentiam, até mesmos os caolhos e ingênuos, pois presenciavam a secreção da tal adrenalina, para não falar de outros elementos. Em outros momentos, afastavam-se de tal modo, que a secreção da tal adrenalina só aumentava, devido à ausência sofrida ou ao apetite desmedido. E permaneciam assim, até alguns poucos segundos, quando finalmente voltavam (independente de onde estivessem), a fazer o velho jogo da supra renal.

E assim viviam, como um grande casal apaixonado...sem beijos, declarações ou amor, mas com muita secreção de adrenalina.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Não é Eduardo e Mônica, mas é bem parecido

“Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que existe razão?”

E eles se conheceram meio assim sem querer.  Tinham amigos em comum e aí já viu, né?!
Demorou pouco mais que algumas horas para eles se tornarem amigos, daqueles que querem fazer tudo junto. Era a paixão crescendo dentro deles sem que eles percebessem. Era o encantamento das primeiras palavras e das primeiras impressões.
Dessa amizade para um relacionamento concreto foi um passo. Não, não foi nada tão de repente assim. Ambos traziam marcas de amores mal amados e mal vividos, ambos sabiam o preço de uma decepção, não queriam repeti-la. Mas o envolvimento de almas foi maior que os traumas. Logo perceberiam que a paixão crescia a cada novo encontro. Todo mundo percebia, só eles que não.
A garota resolveu dar um fim no caso. Não era possível se concentrar nos estudos quando seu pensamento insistia em estar junto a ele. Escreveu-lhe muitas palavras, se abriu como a um diário em algumas linhas e disse o que sentia. Não, não foi um ato de coragem, foi de covardia mesmo. Tinha medo de dizer, mas era covarde ao ponto de não conseguir esconder. Contou. O garoto gostou e que bom, porque daí a uma semana estavam já a trocar carinhos, beijinhos e todos os “inhos” possíveis de uma relação de dois corações apaixonados.
E o que vai acontecer com eles? Não sei. E não me interessa muito. O interessante é saber que eles estão juntos nas noites frias de inverno e aproveitam juntos as longas tardes de primavera. O que o futuro lhes reserva deve ser tão bonito quanto o que vivem hoje. Ou talvez não haja futuro, mas o hoje já é tão bonito que compensa um futuro (talvez) inexistente. São cenas de (quem sabe) um próximo capítulo.

Texto inspirado na vida e também na música: http://www.youtube.com/watch?v=9qr0378vrXA
Mais uma vez, a vida imitando a arte. :)