Sinto. Apenas sinto.
Sinto saudades.
Saudade do teu cheiro, do teu aroma inconfundível. Das tuas múltiplas fragrâncias que confluíam para ser apenas uma.
Saudade das tuas mãos, limpas, suaves, macias, fortalecidas pela vida e trabalho.
Saudade do teu olhar, penetrante e falante, eloquente, dono de uma linguagem que só eu entendo.
Saudade de tua voz, alvoroçadora em meu coração; mas que acalma, apazigua, tranquiliza.
Saudade de tua respiração, ritmada de acordo com minha companhia.
Saudade dos teus cabelos, longos, sedosos, refúgio e amparo, como uma tenda de estabilidade.
Saudade de tu, de tudo que és, que tens, que fazes.
Por que fui te encontrar, te conhecer; se ainda não posso te ter aqui?
Talvez, para nesse intervalo, vivenciar o fortalecimento desse sentimento, sobrevivente da saudade.
Cá estou eu de novo, sentada a beira do Mondego. Estava a ouvir um "eu te amo" de alguém que não era o meu amor. Ao som de um blues, tudo o que eu queria nesse momento era que o Mondego levasse nas suas águas a minha tristeza, as minhas lágrimas e o meu amor. Desejo ardentemente que ele me afogue na sua imensidão e de lá eu renasça melhor, como a fênix renasce das cinzas, sem as marcas da minha dor. Talvez, assim, eu pudesse dizer do amor que eu não tive, que não passou de mais um sonho, de mais um devaneio da minha cabeça estranha e carente de afeto. Talvez eu já não fosse mais eu, ou talvez eu fosse muito mais eu!
Mas o Mondego, assim como o tempo, passam silenciosamente e sem fazer nenhum estrago em mim. E ao som daquele blues que os rapazes tocam do meu lado, na companhia de um bom amigo, percebo que nem o tempo, nem o Mondego farão nada por mim. Cabe a mim, e somente a mim, decidir o que fazer, que caminhos seguir, qual a nova rota da minha vida sem ele, sozinha novamente.
Vamos lá, doce menina, o mundo está esperando que você decida, que você opte por você antes de optar por outrem. O mundo está a esperar que você dê mais esse passo, e cresça, e voe. E voe sobre essas águas calmas, ao som dessa música pálida.
Opte em ser feliz, doce menina! O amor não é algo com o qual você possa. O amor é maior que o seu controle. Cabe a você decidir se vale a pena ou não correr os riscos de algo que você não pode controlar. Cabe a você a decisão de ser feliz, com ou sem o seu amor!